sexta-feira, 12 de março de 2010

Vi um sinal do final do verão...

Vi um sinal do final do verão. As jaboticabas caídas na ciclovia. Nem sei se realmente jaboticabas são. Pequenas frutinhas roxas pisadas, com marcas de pés e pneus de bicicletas. E de repente, do púrpura que cobria o chão, surge uma pequena borboleta laranja que voa para o verde da grama no canteiro. E as pessoas passando para lá e para cá, pisoteando-as cada vez mais, sem se importar com alimento no chão. Reclamando que vão manchar-lhes os sapatos.


Fiquei feliz em ver que mesmo às margens de um rio poluído nascem vidas nas grandes árvores que restaram depois de tantas podas. Fiquei triste, em ver, mais à frente, o contraste. Do chão tingido para o chão batido, sofrido, coberto de papeis e roupas de moradores de rua, de baixo da ponte.


O verde mistura-se ao branco, ao azul, ao vermelho das camisetas e bermudas penduradas em um varal improvisado. Pessoas pisoteadas pelas outras que passam por cima da ponte, indiferentes, sem se importar com o irmão no chão. Reclamando que ainda vão roubar-lhes os sapatos.


Quanto mais caminho pela cidade e me misturo aos anônimos, mais anônima fico. Sinto nos olhares que cruzam com o meu a curiosidade de saber quem é ele é: o que faz, de onde vem, para onde vai? O que pensa quando olha para mim querendo saber quem se esconde atrás dos óculos escuros que uso. Querem saber quem sou ou quem estou?


Quem sou, não sei. Mas hoje estou tocada pelas jaboticabas, que nem sei se jaboticabas são, pisoteadas na ciclovia.

Emanuelle Querino

11/03/2010

Pra quem gosta de esportes

Impressionante, quanto mais conhecimento a gente tem, mais ignorante a gente é. Experiência própria. ¬¬'
Abaixo, uma matéria legal sobre o Thayson, menino que eu vi crescer e que hoje vem se tornando uma das promessas do surf brasileiro.

Imbitubense surfa ondas perfeitas na Indonesia


Por Lorraine A. Corrêa
Depois de passar dois meses na Austrália, terra do atual campeão mundial de surfe, Mick Fanning, treinando com alguns dos melhores do mundo, o imbitubense Thayson de Souza fecha com chave de ouro sua viagem profissional. Em fevereiro, o atleta seguiu rumo à Indonésia, lugar de ondas perfeitas, com fundo de coral e tubulares. Tudo isso em busca de um sonho: crescer profissionalmente e adquirir mais experiência no mundo competitivo do surfe.

O destino da viagem foi escolhido pela presença dos melhores surfistas do mundo, além das ondas constantes, essenciais para o aperfeiçoamento da técnica no esporte. Durante a estadia na Gold Coast australiana, Thayson passou por praias como Snapper Rocks, Kirra e D-Bah, ideal para o seu estilo de surfe. “Me identifiquei com D-Bah por ter ondas fortes e um pouco mais irregulares, o que proporciona mobilidade para executar várias manobras. Além disso, têm as mesmas características das ondas brasileiras, apesar de mais constantes”, explica.



Desde que embarcou no avião, no dia 31 de dezembro, o surfista imbitubense tem superado muitas dificuldades. Além de ser uma viagem longa e solitária, longe da família, Thayson sente carência na comunicação, já que não tem domínio da língua estrangeira. Mesmo assim, lida com as situações difíceis sempre de bom humor e feliz pela oportunidade de crescer no esporte.

A rotina do jovem atleta se baseia em concentração e muito treino. “Saí de casa com apenas um objetivo, melhorar meu desempenho. Todo esse tempo fora do Brasil estou me dedicando cem por cento aos treinos, alimentação e descanso, mais nada”, enfatiza.

Thayson participou do mundial Pro Junior na Austrália, somando pontos aos vários títulos amadores que conquistou no Brasil e à grande atuação no Pro/AM imbitubense, em 2009, que lhe rendeu o vice-campeonato. Ele retorna ao país no próximo dia 20 e desembarca no Rio de Janeiro em dois de abril, para disputar um campeonato.

O imbitubense tira da viagem uma de suas melhores experiências e superação em todos os sentidos. “Aprendi e estou aprendendo muito, é uma faculdade para a minha vida. Realizei coisas que não acreditava que conseguiria, e continuo me surpreendendo. Agradeço de coração à minha família, por ter me proporcionado tudo isso que estou vivendo hoje, além das pessoas que estão torcendo por mim e, principalmente, a Deus que me colocou no caminho certo”, completa.


Fotos: Arquivo pessoal

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segunda-feira, 1 de março de 2010

Emoção no estádio

Quem curte futebol, sabe que assistir ao jogo do time da sua cidade é um momento de muita vibração. A cada gol, uma explosão de alegria. A cada injustiça, indignação. Só que, no jogo do Imbituba no último sábado, contra o Figueirense, algo mais me chamou a atenção. E não foi nenhum jogador bonitinho. Foi a menina mais forte que já vi nesses vinte anos, só de falar já fico arrepiada. Vou tentar descrever aqui o que eu senti, mas acho que só presenciando pra saber.
A menina devia ter uns três ou quatro anos e estava na arquibancada com a mãe e a irmã mais velha. Ela tinha um curativo do lado direito da testa, parecia ser um machucado profundo e recente. Uma das mãozinhas não respondia bem aos movimentos, meio sem coordenação. Parecia que ela tinha sofrido algum acidente, ficado com sequelas. Ou algo que aconteceu no nascimento, não sei. Mas o que me impressionou foi o rostinho feliz dela, com a camisa do time, um sorriso imenso nos lábios por estar ali, assistindo ao jogo com a família dela, brincando, se divertindo com a irmã. Pra ela, não interessava se o machucado doía, ou se as pessoas a olhavam com pena. Ela não tinha nada, por que os outros estariam olhando? Eu não sei se dá pra entender, mas eu chorei e senti vontade de abraçar aquela coisinha preciosa. Principalmente quando ela gritou "Gol", toda faceira. Eu não fiquei com pena. É que isso tudo me fez pensar no quão pobres somos de espírito. A gente reclama do tempo, do cabelo, do nariz, da barriga, do namorado, da faculdade. A gente reclama A VIDA INTEIRA. Não damos valor às coisas simples, como um jogo de futebol com as pessoas que amamos. E pensar que só isso pode fazer aquela menina ser a criança mais feliz do mundo. Que lição de vida, gente. Pena que eu não tirei foto, pra vocês saberem do que estou falando. Esse símbolo de esperança nunca mais vai sair da minha cabeça, e do meu coração. Naquele momento, eu amei aquela menina.

O resultado do jogo foi 2x2 e hoje eu volto às aulas.

Lorraine A. Corrêa

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