terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Justiça arquiva pedido de investigação de caso Herzog

(notícia completa no G1)
Jornalista morreu no DOI-Codi em 1975. Juíza rejeitou tese de que caso seria crime contra a humanidade.

A Justiça Federal arquivou um pedido de investigação das circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog. Em 25 de outubro de 1975, ele foi encontrado morto em uma cela do Doi-Codi, órgão de repressão política do regime militar.

O pedido foi feito em junho de 2008 pela procuradora da República da área cível Eugênia Fávero e pelo procurador regional da República Marlon Weichert. Eles queriam que fossem abertos procedimentos criminais para investigar mortes ocorridas durante a ditadura, entre elas, a de Herzog.

Segundo a procuradora Eugênia Fávero, a decisão da Justiça esgota as possibilidades de recurso no Brasil. "Aqui dentro não há mais o que fazer. Agora, caberia aos familiares e a organizações civis entrarem com um pedido junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para tentar levar o caso à corte internacional", diz.


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Não entendo os detalhes da lei, mas entendo de descaso. Acredito que isso é querer cobrir o sol com a peneira, como se o esquecimento e o arquivamento dos casos faça com que o povo esqueça as torturas que foram sofridas durante a ditadura (o que de fato, pode acontecer).

Não vivi e não tenho dimensão do que era viver naquela época, sem direito à liberdade de imprensa, de pensamento. Blogs não existiriam, como hoje em Myanmar. Eu não estaria aqui falando de uma coisa que, comparando a outras pessoas, eu não conheço.

Mas li "Meu querido Vlado" do também jornalista Paulo Markun e me apaixonei pela história. O livro, muito bem escrito, conta os detalhes da vida de Herzog e o que mais me marcou foi o descaso com que os presos eram tratados. As torturas, não tenho nem o que comentar, me arrepio só de lembrar. Tudo isso por um desejo de controle do pensamento. Por um controle político avesso à democracia.

Duas pessoas perderam suas vidas, ou elas lhes fossem roubadas, simplesmente por pensar diferente ou por ter o desejo de esclarecer o povo e exercer sua profissão. Arquivar os casos não vai fazer com que os jornalistas esqueçam Herzog, muito menos a família dele. Tudo indica que ele não cometeu suicídio e nem tinha motivos para isso.

Felizmente hoje não vivemos mais na ditadura e é por este motivo que precisamos desarquivar estes processos e punir aqueles que tiraram a vida de uma pessoa porque ela pensava diferente.

Emanuelle Querino

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